A praça - Encontro das ruas
- jessica rocha
- 30 de nov. de 2023
- 2 min de leitura

A praça já costuma ser um local de encontros, mas nesse sábado ela presenciou o encontro multicultural das ruas. O primeiro de seu nome, inédito no município, evento voltado à modalidades esportivas como skate, patins e basquete de trio, deu espaço para apresentações culturais, exposição de arte, doação de livros e até flash day tattoo, realmente, nada daquilo nunca tinha sido feito.
Ela estava feliz, sabe, a praça. Foi uma tarde com duas tardes dentro, ou então o tempo se entreteu com os saltos de patins e esqueceu de passar. O céu nublado parecia estar especialmente preparado pro evento. Poderia o organizador ter agendado com o senhor do tempo para que depois de três dias de chuvas fortes restassem apenas nuvens servindo de tenda pra que a praça tivesse boas condições de receber todo mundo em todos os cantos?
Tinha criança correndo por toda parte, a praça brilhava, orgulhosa, sabia que estava cumprindo seu propósito, recebendo gente, propiciando encontros.
Não que ela não visse pequenas porções daquilo todos os dias. Diariamente as crianças correm por lá, skatistas treinam dividindo suas rampas com patinadores, crianças em bicicletas, patinetes, cachorros e toda sorte de encontros que acontecem nas praças.
Mas dessa vez estava diferente, as pessoas estavam lá pra olhar para o que sempre está lá, mas que ninguém nunca olha, e tinha um brilho naqueles que estavam sendo finalmente vistos. Uma grande mistura do que estava sempre lá com o que nunca se viu.
A praça sempre vê skatistas e patinadores, mas nunca tinha visto uma competição desses esportes. Ela observou tudinho, escutou tudo que foi dito cantado e rimado, ficou orgulhosa, cantou junto “é o Batá, é o Batá”
Os que passaram por lá puderam presenciar, tal qual a praça, que a cultura é diversa, ou melhor, que é na diversidade é que mora a cultura.
Chamou atenção a fala de um jovem, deveria ter sido anunciada em carros de som pelas ruas da cidade, ele chamava os presentes pra se juntarem em volta da pista, que viessem ver o que estavam fazendo, suas manobras e a competição de forma geral, dizia “venham mais perto, venham ver o que está acontecendo aqui, ta acontecendo na sua cidade, vcs assistem a fadinha no fantástico e ficam impressionados, ta acontecendo aqui, agora”.
A praça se encantou, não sabia que a fadinha é a nº 1 no skate, afinal, uma praça não sabe das coisas do mundo, ela é só um pedaço de chão onde as pessoas gostam de estar, mas sabia que valia a pena ver o que estava acontecendo ali, prestou atenção.
Costumamos notar as coisas que são grandiosas, árvores crescidas, mas dificilmente paramos para plantar sementes, deixamos que cresçam à própria sorte, mas nessas condições, brotam apenas as que caíram em solo fertil. Temos sementes de grandes árvores por todos os cantos, é necessário cuidar para que o máximo delas brotem, que floresçam.
É preciso olhar pra elas, para as suas necessidades individuais, fomentar a cultura e a diversidade é zelar para que as árvores de mais variadas espécies cresçam e nos presenteiem com suas sombras e frutos.
O acontecimento passou despercebido aos olhos de muitos, mas aquela praça nunca mais seria a mesma…
Fotografias: Mariano Junior










Commentaires