Um conselho

Já faz tempo que me sinto melhor a cada ano que passa, não que eu esteja ansiosa pra envelhecer, mas já me imagino velhinha, quantas coisas terei aprendido? O quanto de mim eu já terei descoberto? Eu sou bem otimista com envelhecer.

A sensação que eu tenho é de que to começando agora, como se de um tempo pra cá eu tivesse aberto os olhos, como um neném recém nascido. Que universo inteiro para explorar eu descobri dentro de mim, como não estar animada com as possibilidades que estão guardadas aqui?

Cada dia mais eu quero ter menos certezas, preciso de conceitos flexíveis, de amores e relações flexíveis, de um corpo flexível, que eu seja menos rígida num todo, eu quero fluir, como água, vezes mansa, vezes furiosa, porque todas as minhas formas são parte de mim e o revezamento delas é o que me torna quem sou, é o que possibilita que eu me descubra.

Tem uns dias que me sinto perdida dentro de mim, nesse território vasto, ainda pouco explorado. Algumas vezes atravesso lugares escuros sendo guiada apenas pela intuição de que eu sei onde ir, como se houvesse aqui dentro uma fagulhazinha que sempre clareia a direção, mesmo que o caminho ainda não exista.

Essa é a graça de viver eu penso, criar seu caminho, o seu de verdade, aquele inédito que você fez pra poder seguir na direção que sua alma aponta.

Acredito que gostar do passar dos anos tem relação com o quão na direção de si que se está caminhando. Quanto mais próximo de si, mais entusiasmo por caminhar.

Talvez a Grande sacada seja percorrer o caminho pra conhecê-lo e não como forma de ir de um ponto ao outro. Não sei qual a convenção social sobre a idade certa pra dar conselhos, mas se eu já tiver vivido o suficiente pra ter minha licença de conselheira, então o meu conselho é: o caminho é tudo que a gente tem, não existe chegada.